quinta-feira, 25 de janeiro de 2018
CÍCERO INSENSÍVEL
INSPEÇÃO DE SEGURANÇA
Meu quarto se tornou
meu consultório
onde eu me receito
onde eu me credito
onde eu me ofendo
me perdoo
me conduzo
me seduzo
confuso
confuso
terça-feira, 16 de janeiro de 2018
FODIA NASCER FELIZ
Dizia muito que amanhecer por aí
engana as lágrimas
talvez, depende de quem chora ou ri
vida de escravoceta
vida de hora em hora
vida que se sente
quem diria
dinheiro trás felicidade
claro que sim
depois disso é poesia
prosa e verso
desarmando tudo
pro dia morrer
assim
sexta-feira, 12 de janeiro de 2018
CARNAVAL
E tinha aquela coisa
da Sofia andar pela casa se amparando nas paredes, né?
um sábado ficamos só nós dois lá embaixo
eu falava com ela
e ela nem aí pra mim
eu cantava, dançava, como sempre macaquices
até hoje é assim
minha vida paterna sempre foi a luta pelo sorriso da Sofia
já cansado, falei, meio invocado
- ah, sofia, vem cá!
Ela parou, antes de dobrar para a cozinha
olhou pra mim com aqueles olhos bem azul-verde abracadabras
fez assim com as sobrancelhas
disse de novo
- vem cá, vem?
e ela veio
atravessou a sala de bracinhos abertos
surpresa consigo mesma
meio que achando que era eu quem a fazia andar por ela
depois disso, nunca mais
UM LUGAR PARA DORMIR
Quase durmo na rua, ontem.
Queria pegar um ônibus que rodasse a noite toda, sem escalas, até umas oito da manhã.
Nem todos têm um lar, mesmo assim, se acostumam.
Grandes esperanças.
Falta de considerar as considerações.
Tanto amor e trabalho por nada.
Pior é o suor do nosso rosto não ficar conosco.
Ser escravo da honra.
Sempre fazendo o que é certo.
Mas deve haver um meio termo.
Muito em que pensar.
Assinar:
Postagens (Atom)