E tinha aquela coisa
da Sofia andar pela casa se amparando nas paredes, né?
um sábado ficamos só nós dois lá embaixo
eu falava com ela
e ela nem aí pra mim
eu cantava, dançava, como sempre macaquices
até hoje é assim
minha vida paterna sempre foi a luta pelo sorriso da Sofia
já cansado, falei, meio invocado
- ah, sofia, vem cá!
Ela parou, antes de dobrar para a cozinha
olhou pra mim com aqueles olhos bem azul-verde abracadabras
fez assim com as sobrancelhas
disse de novo
- vem cá, vem?
e ela veio
atravessou a sala de bracinhos abertos
surpresa consigo mesma
meio que achando que era eu quem a fazia andar por ela
depois disso, nunca mais
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