sexta-feira, 11 de março de 2011

LUPANAR (de Marcos Salvatore)


Um amigão desce do carro visivelmente alterado, flutuando sobre colchas estampadas, sobre ninfas da galáxia , senta ao meu lado, dá um sorriso daqueles muito bem guardados; eu pergunto:
- E aí? Tudo em cima?
E ele responde, num híbrido de nada com coisa nenhuma, faz suas sobrancelhas gargalharem de forma maligna e diz:
- Bais ou benos?!
(...)
Guenta!
Levanto, atravesso o corredor e chego até um concorrido pátio pra tomar um ar. Encontro uma amiga que lá pelas tantas me fala sobre ruas, avenidas, alamedas...

Denunciar · 20:41
Adoro essa palavra, "alameda".
"Abajur" também é o máximo.

Denunciar · 20:41
rsrsr

Denunciar · 20:41
Curto pra cacete trabalhar com palavras estranhas.
Minha obra esta repleta de coisas intrigantes.
Gosto disso.

Denunciar · 20:42
Use então a palavra "pornofonia"

Denunciar · 20:42
A pornografia vai passar. O que vai ficar realmente é a idéia.
"Pornofonia"? Taí!
Valeu a dica.

Denunciar · 20:43
Tem outros termos da psiquiatria que são bem interessantes.

Denunciar · 20:43
Vou escrever a estória de uma secretária que espera o chefe sair para se masturbar. Que tal?
Uma psicóloga que resolve ganhar uma grana realizando as fantasias dos clientes.
Puta também cobra por hora., Ou não é?

Denunciar · 20:45
Tipo assim, uma fuleiragem para manter os meus níveis hormonais.
Uma patifaria saudável.

Denunciar · 20:47
Pô, pera lá. Também não é assim. Ou será que é?

Denunciar · 20:50
Bais ou benos?!

(...)

sexta-feira, 4 de março de 2011

AQUÁRIO (de Marcos Salvatore)

by Patrick Earl Hammie

Fizeram amor pela manhã, pela primeira vez. Dois criados mudos. Um abajur (ótima palavra). Lençóis. Travesseiros no chão. Um baseado amassado que ela guardava num sapato de salto quebrado, difícil de acender. Ela diz no seu ouvido: “vou apertar mas não vou te chupar agora”. Eles riem. Ela conta os sinais do seu peito, atenta, um a um. Ele acaricia os seus pêlos notando um sinal de nascença entre as suas dobras macias: - “Feliz aniversário”. “Você já me ama?”. “Vai ficar comigo?”. Passam batom nas duas bocas. “Você vai trabalhar hoje?”. “Eu vou”. Precisam trocar as cordas do violão. Precisam se decidir a qualquer momento. Comeram na cama, sem talheres, sem pratos, com as mãos: "me dá "uma bucada". A gatinha e o Capitão Caverna. Ele caminha pela casa, nu, abre a geladeira, mexe nas panelas, observado por ela. Brincaram com a comida. Dançaram tango, manbo. Desarrumaram as gavetas. "A sua voz me acalma". "A sua voz é quase outra pessoa". Cabra cega; até aí morreu o Neves, pira-se-esconde, bandeirinha, cemitério, boca do forno. “Me dá mais um gole”, “aquele que matou o guarda”. “Ainda tenho meio hora”. “Obrigada... pelo presente”. “Eu não sabia que um homem podia ter tantas pernas, tantos dedos, tanto... peso”. “De onde você veio?”. “De outro país”. “É só virar à direita antes da Alça”. Os peixes não têm braços para abraçar, por isso usam os olhos, as escamas... a boca. Certas brutalidades táticas não têm “faz de conta” nem hora certa pra acabar. “Imita!”, “Imita!”. “Imitar o quê?”. ”Imita o Peréio”. – “Reage, porra!!!”. Eram dois:

terça-feira, 1 de março de 2011

AO MESMO TEMPO (de Marcos Salvatore)


 


Não via graça em tantas piadas

Perdido pelas noites, pelas margens

Páginas recomendadas que vão lá, onde está a fome



Não tenho tempo, não

De ficar num só lugar. Quero estar longe do núcleo.

Estou sempre onde? Onde?



Terceira pessoa deste poema sem rima, sem lar. Um homem

Um fantasma, um personagem de mangas dobradas

Depois de ter me alimentado das suas intenções

Eventos e fotos. Mistério da cultura porra-louca



Como foi bom sair do bar pra sua cama

Só não transei com a obsessão por pratos e talheres

Eu não entendia, não, a sua solicitação de aniversário

Nem a atenção com os mosquitos e o telhado

 

Ao mesmo tempo em que aprendia a te encontrar, a te significar

Feito um otário armado com pólvora molhada

Sem te localizar a tempo do híbrido fracasso democrático

Podia ter levado mais. Devia ter complicado mais



Mas a vergonha me travou e adicionou tempero ao que estava incompleto




Porque a cidade não se rebelou contra as fitas coloridas?

Sempre atrás de trios e cruzes e tambores

E os palhaços choradeiros batem palma e continência

Querem foder, foder e foder com o público



Aonde tu vais?

Estás indo? Já fostes?

Não é tão fãcil, assim, me confundir

Não podes me culpar sem assumir sua própria culpa



Me teorizando sem prática

Ao vivo, em desconcerto

Onde eu te amo mais agora que já deu?



Chega de recados, de mensagens de abraço

Os ataques e assaltos me alcançaram

E a poesia varrida se espalhou num sopro só



Não espere por mim em coma

Que eu não tenho último beijo eletrônico a dar

Outra pessoa te salvou e protegeu

Completamente, sem se machucar



Ao mesmo tempo, em outro lugar
 

 

 
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