sexta-feira, 23 de novembro de 2012

JANELAS DISCRETAS Nº 16 (de Marcos Salvatore)

Nada descreve o horror de Ageu Pazoud e o meu quando passamos pelo Portal, ontem à noite, e nos deparamos com os inéditos tambores evangélicos do espaço, furibundos em roda de desejo operário. Os bigodes peruanos da Tiazinha me desidratavam de desejo insuspeito: - "Voouu reezaar poor vooêê. Quaal éé´oo seeuu noomee?". Não passava uma agulha. Ruim era o medo de nos cercarem e gritarem: - "Pega". O Ageu tentava não gaguejar na esperança de convencer um garotinho inquisidor que insistia nebulosamente que ele aceitasse Jesus mais uma vez "só pra conferir se era verdade". Antes de sairmos correndo dali, a Tia pergunta o meu nome com a voz mais rouca, queria rezar muito por mim, mas só tenho culhão de responder: - "É Zenaldo".

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