sexta-feira, 27 de julho de 2012

CIDADE, VELHA AMIGA (de Marcos Salvatore)

by Andre Kertesz




Estou jogando ideias fora, escrevendo pra mim, por isso, não me levem tão à sério.

“Belém é o abismo de um inferno letárgico” - Minha caligrafia é péssima - mal entendo; mas consigo me lembrar da caneta atrás da orelha: Tinha acabado de usá-la antes de atender a última porta. Amigas de foda sempre querem na hora, bem quando você pode estar “marromeno” ou “impinimado” com a saudade de ter mais uma chance.
Pensamentos ao portador para um feliz desaniversário. Dia criado para venda de selos e equilíbrio dos perdões. Durante a chuva nem parece julho. Observo formigas lá embaixo e tento rir das mesmas piadas, gostar das mesmas músicas, decorar os mesmos pontos de vista da pequena tribo – é foda, Padre.
No papel também estava escrito “Não perca tempo tentando me perdoar... nunca mais”. E assim começa mais uma insidiosa sexta-feira 13. Festival de um fugitivo no verão. Esquina de praça centenária.
Bloco do Canalha lá fora, mais tarde, mulheres líquidas, greve das universidades e escolas técnicas federais. Fotos antigas da cidade me fazem muito bem. Histórias antigas. Sinto falta da máquina de escrever, dos cinemas de rua: sobrou apenas um. Sinto a falta daquela garota - a gente mal conversou, depois de tantos meses de saborosa ambiguidade.
Minha Caixa de Entrada não traz muitas novidades e o calor me fez tomar dois banhos a mais. Não saí de casa; a musa de Fellini foi a culpada: Giulietta Masina; Gelsomina – tão sem saber o que dizer ou o que pensar. Tão como...
Não sei o porquê, mas comparo este sobrado com um tipo de masmorra. Mas pensar assim simplifica demais e me torna uma pessoa impulsiva. Não sou assim e vou indo. A fome é um luxo de quem só tem uma janela.
The Hissing Of Summer Lawns – obrigado, Joni. Bati uma pra ti mais cedo, mas antes de esporrar lembrei de outra pessoa. Acho que a fatalidade me pegou de jeito hoje e eu juro que não há ninguém em quem posso descontar.

Um comentário:

  1. Muito bom!!
    Hey tu sabes o que diria apos ler esse tão delicioso texto?

    pensando bem não poderia... pq o vem na mente são pensamentos impublicáveis!

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