quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CURARE (de Marcos Salvatore)

by Frida Kahlo

Que nome eu dou pra mim?

Imaginando as suas cores e os tons de rosa da pele e da boca
Me concebendo de novo e de novo enquanto tiro a sua roupa
Falando quase comigo tão assim que ninguém percebe
Com você me tomando enquanto me bebe

Me deixando ser tomado de um só gole
Para matar sua sede, para que você me console

3 comentários:

  1. O efeito do curare é bem esse que eu senti ao ler o teu poema: fiquei paralizado!

    Lindo, mano, lindo! A abertura é sensacional, que pergunta! Ela contrasta com todo o jogo de imaginação que se segue, e é impressionante o que acontece/desejo o eu do poema: ser bebido / ser consolado. Bem pode ser uma transa com a Morte, com a Paz, ou simplesmente com Ela, seja Ela quem for!

    Great fuckin´ work!

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  2. se nomes pudesses dar a ti
    dirias o que de si?
    afogado nos sentidos possíveis de ti
    carregarias a todos eles um pouco de si?
    assoberbado pela delícia de falar de si,
    náufragarias seduzido pelos sentidos diante de ti?
    empalado pela palavra que ousou dar sentido a si
    já não via mais sentido ficar diante de ti...
    tomou-se a si mesmo...prostou-se e disse:
    - que mais posso fazer eu diante de Ti? Devorem-nos os sentidos dos nomes...
    - que mais outro nome posso dar a si?

    Ageu Pazoud

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  3. Certa noite, me encontrei num apartamento vazio, acompanhado pela garota da capa vemelha, várias garrafas de bebida destilada, gelo, cigarros á vontade. Misturei algumas coisas e o tom de rosa daquilo era genial. Comecei a escrever um monólogo sobre como estar em terapia com o criador... mas desmaiei na sétima linha e acordei com uma ressaca trágica em três atos.

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