segunda-feira, 18 de abril de 2011

andrajos de uma vida baldia

by Peterio

se deixar transparecer
o seu drama, sua comédia, corrente de ar
sem licença para amar pobres esperanças
entrando, tentando causar fingimento

pode se contaminar, sem nome, por elas e eles
acordes e humores, cartas sem entretantos selos
odores humanos, terrenos copulares
vozes e rumores, corações partidos

alguém chorando por falta de liga ou de dose

término do jogo de farsas
num empate desigual, passivo agressivo
w.o. de pernas em fleuma, refletidas
pelo espelho de teto de qualquer luar

vacina elementar da massa sociopática,
mixada na histeria de casa
serena resposta interior de se vestir
roma de calígula, em dezesseis canais

falas dubladas por um louco num tablado
trapezista vil de contos etéreos
de segundas mãos, de intenções
de amores a mil, efêmeros infernos

vá em frente. pode querer, pode falar.
conte comigo pra te dar memória afetiva
fundo eterno para um poço de desejos
maturidade emocional para as asas

versão cuba livre da idade
militância sagaz, roteirizada por mentes insanas
mendigos e putas politizados nas guias
alcoolizados de cultura vazia, baldia, classe mídia

transmissores do câncer da cidade
de circo, de crenças, de filhos e feras
preces para um éden de frases e idéias
doenças venéreas da guerra

que já começou

9 comentários:

  1. Um texto forte,um lamento...quase um pedido de socorro...

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  2. Esse poema é de uma violência brutal. Covardia e coragem congestionam suas imagens amargamente desbotadas. Não existe espaço para a pobre (des)esperança.

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  3. Gleice Alessandra Portugal20 de abril de 2011 às 12:10

    Bem este poema é realmente etéreo, no sentido da palavra: remete a algo inebriante, sentimentos e sensações que podemos generalizar.... pode ser tb delicado, celeste, elevado...como tb pode cair no desprezo e horror...tristeza, solidão, ângústia. É uma degustação da mente humana

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  4. esse texto é louco, isso sim!
    é grotesco
    nojento
    doce
    amargo feio bonito bom mal

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  5. Sensacional! Cada vez mais maduro, cada vez melhor!

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  6. Um novo Salvatore arrisca e acerta em cheio o bago do olho da inteligência cool (ou seria cu?) dessa cidade, cospe no prato em que come, morde a mão que o alimenta. Apenas senti um pouco de excesso de informação, mas está vivo.

    Prof. Edivaldo F. Souza

    Uma escelente Páscoa a todos.

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  7. Bela poesia. Sempre palavras sinceras que mostram varias faces da vida

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  8. Ai Sal, acho que nem sempre você faz tudo errado, me poupe, queria tanto te zoar, mas o texto é tão sincero que eu preciso dizer que te amo tonto. Qui tristi rsrsrsrsr
    kisses

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  9. Bonito, Impactante e atual, assim como você.(príscila)

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