Jan Saudek |
lá fora
a lua brilha um pouco mais
enquanto eu deixo
qualquer fase lá estar
são três horas
até onde posso lembrar
que você já foi embora
não deveria mesmo ficar
me deixou café com pão na mesa
beijou meu mastro bem abracadabra
hasteou minha bandeira
mesmo perfume, mesmo gosto de
boceta
amanhã vai ter sol
com aumento de nuvens pela manhã
pancadas de chuva à tarde
e à noite
e juro que queria
que o balcão desse bar
fosse suas coxas
suas ancas, suas costas,
os seus peitos de pomba
lagos aureolados em tons
de rosa e lilás
pra me afogar
posso até imaginar
e a tinta da caneta
tivesse uma gota
de leite do seu seio direito
aquele um pouco maior
que o esquerdo
e que a
esferográfica
fosse o meu pau
te desenhando
fosse uma nau entre os seus lábios
entre os seus dentes
dependentes do anseio da mandíbula
a superior e a inferior
cabeça, tronco e membros
unhas combinando com seu branco de
pele
castanho dos olhos
e que esse poema fosse
a pique a estibordo
como moby dick
de encontro ao casco do navio
som do meu rock mais primal
perigoso, banal
quem é você quando me toca?
está brincando de quê me olhando
assim?
tatuando meu nome em seus espaços
vazios.
depois do seu plantão, depois de
horas
depois da lua lá fora
depois da carne até os ossos
entre o pescoço e o dorso
agarrando os seus cabelos
mais longos, mais firmes
como uma crina loira
enquanto eu te cavalgo na corrida
as mãos dadas, as mãos dadas
as mãos, as m... (...)
m... (...)
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