quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Dona Orelinha está sempre emocionada



Madrugada à beça. E enquanto preparo o meu vinho da madrugada, reparo, esperando ser corrigido o mais rápido possível, que talvez Belém seja habitada por dois tipos de pessoa (embora um terceiro tipo safo também ande por aí, em menor número): Existe aquele que se reconhece, se aponta, ou se referencia, fresquíssimo, por nome sobrenome profissão partido (que é o bonzinho), e o resto escrotérrimo (porém eleitor inscrito e pagante) de nós, que só conhece o Paulinho pintor, a Don...a Orelhinha, do açaí, o Seu Dario, do picolé, o João da Dona Graça etc, etc, e é claro, etc. O que eles têm de similar (além do fato de sonharem passar num concurso público ou descolar um cargo de livre nomeação)? Os celulares com câmera. Bom, felicidade não se... "encontra". Selfie é um fenômeno cultural do auto desamparo, do auto abandono, auto engano e o cacete, porém de grande relevância. O nome é triste porque lembra solidão. Não precisamos mais entrar em crise, contradizer, fazer, desfazer, gozar, brochar, crescer, mudar, sacar, virar gente - uma selfie resolve a parada (assim como um cargo público). Aparentar ou não aparentar? Eis a questão. Se tu não achas, é 'causo de que, nas tuas masturbações sociais, já escolheste em qual elenco da novela queres estar. Afinal, estar bem na foto é algo que acontece, não que se faça. E enquanto trabalharmos apenas com esses dois tipos, solidamente estabelecidos e iguais em tolice; quero dizer, se não entrarmos em contato com aquele terceiro tipo mais esperto nas propostas, objetivos, pirações, baldeações... Acho que a vaca vai mesmo pro brejo, Brother.

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