Aconteceu há algum tempo, mas foi legal, pra
caramba: Minha tia, assustada com o fogo no prédio da Receita, pega e me
joga da cama:
- Te "alevanta!".
Segunda-feira incendiária; merece uma, depois duas e
todas, para que eu comece a semana oficialmente doidão.
- “Brejeiro é o caralho!”, disse o morador de rua
sebento, enquanto coçava o cu com a mão e mancava, ao mesmo tempo.
Cheirou os dedos, depois atravessou a rua. Veio na
minha direção, com a mão estendida e dócil.
- Descola um troco aê, Tio. Num é pá droga, não. Só
tô fungando, assim, por causa de virose. Dá, aí. Com fome.
Eu tinha acabado de subir (a muito custo) a Carlos
Gomes, a ressaca gerou a dúvida entre cruzar a praça ou dar a volta. Calculei
entradas e saídas de um possível assalto. Isso deve ser corriqueiro, porque, dando
uma última fungada nos dedos, ele aponta para o Teatro da Paz. A fumaça da
Receita subia.
- Da pá entrá. Da até pá passá por lá... Se tu num
se acostumá com isso.
Pago dois contos pela consultoria e sigo pelo famoso
corredor da praça.
Estamos todos aqui, mantendo a cidade acordada,
penso, - trabalho que dá sede e vontade de rimar nomes de ruas, com bancas de
tacacá.
“Preciso verificar minhas mensagens”. O pensamento
ajudou. Me deu a sensação de seriedade possível, de ordem.
Ao lado esquerdo da caixa de entrada, sinalizados em
verde, os nomes de amigos. Não sei quantas histórias entrelaçadas com todos. Perdi
vários.
Ontem, antes-durante o porre, resolvi dar um trato
nas gavetas. Pego e encontro aquela foto podre de fuleira que a Feijão tirou de
mim lá, no Mangal. Já levou o caldo.
Belém é uma cidade macabra. Tem sempre alguém
escondido em publico, pronto para te perguntar as horas. Nunca decido o que
sentir pelo lugar.
O horário político é puro Satyricon, com violinos.
Me amarro em ver as tias pingando, doidas para abraçar e beijar candidatos. Meu
Deus!
Meu coração, pela manhã, quer ser um peixe-boi. Não
quer submergir nem para respirar. Quero apenas o pesar. Desejo o fútil
ornamento de toda identidade.
Chega de prorrogação - o jogo é “Poder se entregar”.
Só me lembro do poema, aos berros, para Celi, da
carona e de gritar pra ela: - “Você é a minha Brigite Badot, com violinos!”.
Não tive medo em frente ao Peixotão com a lua
finalmente minha - Filha da puta!
- À toa pra dor, cobrando porque já tá lotado, baby.
E eu não te amo, mais.
Não sei como cheguei. Meu coração quicou até aqui, gerenciado
por um destemperamento de palhaço de circo navegante.
Deve ser porque eu ando, estou e sou apaixonado por
sete mulheres diferentes, de muitas maneiras diferentes. Não depende de sorte
nem de coragem, só da historia certa.
Sete notas musicais. Maiores de idade... Às vezes
menores, dependendo da lembrança.
Eu devo estar melhor, já que cheguei até a Assis.
Mas... pra quem foi que eu disse aquilo? (...) Como
era, mesmo?
-“ Só acredite nas mentiras certas. Não se importe
com quem não se importa.”
Frases feitas sob medida para convencer alguém a me
pagar a última. Uma mulher.
Uma mulher de cabelo Chanel.
Nunca confie numa mulher de cabelo Chanel.
Um pagamento solidário e verdadeiro antes do sexo
escroto e fácil.
Depois do quarto vazio, durante o espelho, escrito
no meu peito com líquid paper: - “A transmissão foi uma delícia. Esqueça as
feridas indolores e concentre-se em nervos, olhos e coração, Bem”.
Eu devo estar acostumado com a melancolia.
(...) E, estar assim, deprimido, me torna
inaceitável, dispensável, irreverente e, principalmente, inconsequente demais.
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