sinto sua falta, doce pessoa
nunca entendi sua motivação comigo
com minhas simpatias antipáticas
meu mapa astral rabugento e apático
divertia a todos ao me subverter
não vê que dói não te gostar como eu
queria?
consegue sentir o mesmo que sinto?
tua periferia foi minha para andar
cambaleante
tuas árvore não, me machucando com
seus frutos
sempre gostei mais dos teus abraços
adorava quebrá-los
pra depois bater com eles nas grades
das tuas esquinas
não tinha medo
agora que passou eu tenho?
sou um furtivo caçador de palavras
cruzadas
servil catador do lixo cuidadosamente
espalhado
sobre a mesa improvisada dos mendigos
patriotas
me confundem os teus tiros
brevidade cínica e solvente
pela madrugada
ei,
me dá um lugar pra dormir
pra comer
pra foder
saio pela manhã
deixo café pronto
e uns trocados para o pão
e pela cama
podes crer
fala comigo
posso te ligar de madrugada?
posso chorar no teu ouvido
enquanto procuro por mais digitais
da tua boca no meu corpo?
preciso de reparos
agora que um ano se passou
ei,
me deixa quebrar alguns galhos
e trazer uns amigos
que estão por aí precisando de amigos
querendo ser ouvidos
me dá o tempo que eu preciso pra
pensar em nós
um espaço para não me confundir e
acabar sendo parte da sua última gaveta
não é lá fora
é aqui dentro que se fere facilmente
à toa, de propósito
uma oração só julga e consome
me deixa insone, contraído, crispado
sem poder admirar tuas alegorias
tua baía
violino de uma única corda
só queria encontrar todas as notas
e te ver sorrir de novo
meu deus fede comigo
bebe comigo
me vê por aí te procurando,
perguntando “cadê?”
e ri, lá de cima
não, ainda não
te assino no subjuntivo, baby
hesitante da própria euforia contida
em todas as garrafas
idéia difusa do suposto romance com a
solidão
contida na minha pesada cabeça
Nenhum comentário:
Postar um comentário