terça-feira, 2 de dezembro de 2014

RETRASADO (de Marcos Salvatore)

Sally Mann



Estamos todos aqui, mantendo a cidade acordada - trabalho que da sede e vontade de foder com você. Só para rimar.

Noite estranhamente produtiva - pirateada com chiados e chuviscos - um leve movimento involuntário e proustiano - boa noite à beça


Meu coração é um vagabundo de talento ambidestro de medo de bater errado - aplicadaço em sair fora no melhor -muambeiro de planos infalíveis.
Uma canceriana.
Sou flagrado roubando a sua atenção - penso em refrões de Jovem Guarda - canção por canção não me interessa - mas, se quiser, eu falo mais.

Esse sou eu do outro lado da rua - duas horas da manhã - dois caretas amassados no bolso - duas moedas para a van - como de costume, no osso.
Madrugada a favor das braçadas contra a corrente - miniputa de vertente em vertente - não fala por mim, mas observa - e, observado vou.
O amor é coisa do futuro - de humano descartável - enlatado vencido que não toca mais no rádio - é presente sem passado - ventre de um lar.

Às vezes a Vida merece um soco no olho, uns tabefes, pra não sair do meu riscado.


Todos os programas produzidos aqui têm esse cu de ficar mandando abraço.

- Descola um troco aê, Tio. Num é pra droga, não. Só tô fungando, assim, por causa de uma sinusite barra.

Paul Newman no corujão. Viva o Paul.

Bazar do rock feito. Não tem mais jeito, não. Bosco Silva lançando o Perversões.

Ao lado esquerdo da caixa de entrada, sinalizados em verde, os nomes de amigos(a). Não sei quantas histórias entrelaçadas com todos. Legal.

Resolvi dar um trato nas gavetas. Pego e encontro aquela foto podre de fuleira que tiraram de mim, lá, no Mangal. Já levou o caldo, Bem.

Marituba é uma cidade macabra. Tem sempre alguém escondido em publico, pronto pra te perguntar as horas.

Meu coração. Pela manhã. Quer ser um peixe-boi.

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