segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

PRESENTE SURPRESA (de Marcos Salvatore)

by Edouard Joseph Dantan


Já faz um tempo que eu tento
Te encontrar, como quem não quer nada
Rodeando botecos ordinários, é a minha cara
Sempre à fim de um release, de um lance

Se eu forço a barra é porque
Você me desorienta
A psiquê anos setenta
Andrógina, anti heroína

Do menino calado
Atroz e atento


Observador dos detalhes mordazes
Voyer, ladrão de chaves incidentais
Colecionador afetivo à procura
De tantas fechaduras para espreitar
 
A sua



Então vem, que é você
Quem me encontra à própria sorte
Vem, que todos os seus lábios
São também um pouco a minha boca

Tira onda e faz drama
A mim, canalha, apartado e sem rumo
Me reinventa os assuntos: eu digo, eu assumo
Depois da novena, terça na veia e na cama rouca

Presente surpresa



Para depois nos abraçarmos algemados
Aos suores e odores elásticos
Às confissões perturbadoras de dores
Da gangorra do passado comprometedor

Para depois desaprender a zoar por aí
Na desordem da hora da gente ir dormir
Pouco importa o que é ganho, o que é conto,
O que eu escrevi e o que não
Sem pensar no que vinha a seguir

Eu estou agora
Eu sou aqui

Um caduceu de amor, de prazer e valor
Hiper-russo conjugados no futuro que agora eu te devo
Improvisado no conflito do meu pau
Com suas ancas macias

Sem alma, jogo limpo na mesa de som
Religião, sem muro, sem furo ou tristeza
Apenas tudo que é lindo à cada dia
Tudo salva de palmas



Um comentário:

  1. Para Clarice Olívia, mais uma letra perdida nas cinzas da banda Mal Nenhum, que ensaiou por três meses, acumulou um repertório de quase vinte canções e nunca, jamais se apresentou. A versão final ficou com apenas duas estrofes, mas esta sempre me deixou mais orgulhoso (e, olha que eu não sou de me orgulhar muito das coisas).

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