segunda-feira, 25 de junho de 2012

PURGATÓRIO CINCO ESTRELAS (de Marcos Salvatore)


by Mariel Clayton

o mundo me tateia,
encontra os lábios
me verifica os dentes
depois lava as mãos

entretanto,
conserva a distinção, o instinto primal
entre o preconceito e a luta de classes:
fornicação, fornicação, fornicação

me esparrama pelo chão -
“se não for apanha o bolo”.
se eu não luto, não bato, não grito,  não morro
nunca tenho opinião, não corro

entretanto,
me oprime sem reservas:
pão que o diabo amassou
- subconsciente coletivo,ansioso.

me joga às feras do circo.
purgatório cinco estrelas, duvidoso:
vendo o meu corpo por almoço, por janta
também minhas certezas, sentimentos, incertezas

entretanto,
me agarro a qualquer esperança:

bom dia de gente
qualquer riso de alegria, qualquer um mesmo
de criança, de velho, de humano,
que cora ao sorrir

Mas só dá pra acender um cigarro
E esperar, e escrever minha fossa
- Desenhar minha fala na mesma medida
Em que viver puder ser parecido com... viver

eu queria chorar,
talvez um dia eu possa


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