segunda-feira, 27 de agosto de 2012

CIRCO NAVEGANTE (de Marcos Salvatore)




Não sei quem você é
“Não saber” da minha vida
Danço por amor
Nem altura ou cor, nem credo

Dorme sobre as minhas costas

Uma verdade mais simples que o meu sexo solo
Contra ou através as cordas do desembaraço
Eu não sei
Percepção nem sempre é realidade

Nem se posso te salvar
Me salvando talvez possa
Mesmo sendo assim
Um descuidado hipo-monstro de pesar

A ponto de procurar não procurando
De não ser o que eu como
E, sim, o que eu escrevo

Pisciano mal criado. Inteiro demais, trabalhador
Camiseta vermelha em listas pretas
Suado amante palavroso de coxas
Contador das  nuances dos cabelos colados nas costas

Não te encontrei por me querer demais
Me querer muito e a todos os trapézios
Por comer, por fumar, por beber
Por foder demasiadamente com tudo

Não tenho escolha dentro do que compreendo
A não ser desconfiar que é você naquele olhar
Do outro lado da rua, da vitrine, do sorriso
Quero tanto acreditar, que me atropelo

Em cada gesto discreto de atenção
Em cada entonação sussurrada em subtextos de orgasmo cochichado
Matéria de luz e calor
Arruaça espontânea, circo navegante de dois




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