Não leve tão à sério esses pequenos traumas. Também sinto a sua falta, e você sempre foi uma ótima amiga, sempre. Até pensei que era mais, por falta de não sabermos o que fazer com aquilo. Mil coisas assim. Uma puta saudade da sua risada lolita, desse seu corpinho imaginário, do seu bumbum durinho e mulato. Enfim, depois de um período bacante de masturbação existencial e contemplação estática, eu continuo aqui, com a "Legião" na vitrola, minha taça de vinho tinto "sangre de Dio" sobre o criado mudo, Ana C., Álvaro de Campos, Manuel de Barros me cobrando um xeque mate. Nelson Rodrigues em pó, para misturar com a batida de Tatuzinho com morangos, catuaba, cravinho e gengibre, bons para a libidinagem do hálito. O fato é que tardiamente assumo que eu te amava além dos boquetes via créditos promocionais. Você nem percebeu. Só chamo a Angela pra você que é sonsa e que morre na beira! Então, se já estiver boazinha comigo, vê se tira o celular do rabo e me liga logo de uma vez. Senão, tola é você, por não ser do jeito que eu não sou.
Boa noite. E enquanto isso, alguém que não voltou pra casa, perambula pelas ruas de Belém. Caminha devagar, dobra esquinas reconhecidas pela lembrança da luz do dia, se abraça, fugindo do frio e deixa, sem pensar, a boca sussurrar: - “Fica”.
bêbado. completamente besta. acordo no chão da sala com esses escritos me cobrindo o corpo. entre um sábado e um domingo. repetindo chet baker, nina simone, portishead. sei do que se trata, mas resolvi publicar tudo como estava.
ando deprimido
busco o amor dentro de cada palavra,
nos rótulos das garrafas
solos de baixo sem escala, aeroporto pra pousar
não me recuso a pagar o preço da vida
mas a vida tem que aceitar o fato
de que vai ter que ser a prazo... e sem entrada,
nem fiador,
nem garantias,
nem telefones de contato
desde então
meu coração é um vinil riscado
por agulhas usadas
violino de uma corda só
sofro de doença primária, crônica, progressiva e fatal
está tudo aqui, não lá fora. anestesia geral.
dentro de mim tem um animal em profunda hibernação
mas não quero matar a pessoa errada.
- me apeguei aos pregos das asas machucando minhas costas.
seria estupidez
mas, em todo caso
- me traz mais uma música, on the rocks
mesmo sabendo que o mundo não precisa de mais ninhos
também existe o círio; festa pagã
- não há evidência de milagre nessa época
com seu espetáculo de fé do povo
- o amor perde feio pro sexo.
viva o povo brasileiro
viva a foda laica
prostíbulos lotados,
bares enchidos,
altos índices de violência e criminalidade
lembro da corda
do frio da manhã
somos noivos de outubro
nesse eterna despedida de solteiro
o derrame de baba vaginal é um sinal de dias melhores
dias inteiros
olho pra baixo e encorajo mais um vôo
é claro, arranho um violão, depois tento de novo
canto trancado no quarto, com o volume
no volume máximo
claramente sem sabor
apaziguo a tristeza com masturbação consciente
dou em cima de qualquer mulher de olhar desafiador,