quinta-feira, 30 de dezembro de 2010

FUMAR É ALGUÉM (de Marcos Salvatore)

Ava Gardner & Gregory Peck

Por favor, não note se cruzar por mim
Eu obedeço ao que não tem idade
Por isso erro, vivo e bebo a sede da verdade
Já sei das armadilhas dos batons carmim 

E sou por acaso, não me imite
Meu futuro não será lembrar o passado ou qualquer limite
Basta-me de atraso, de breu, de povo
Quem manda em mim sou eu, de novo e de novo

Só quero um abrigo da chuva e do sol
Uma briga, uma amiga pra dividir um lençol
Alguém que me dê segredos pra guardar
Estrelas, arco-íris, desejos cadentes para amar

Porque fumar é alguém, amanhã também
É um sinal, um rival, mas não conte isso a ninguém
Isso é só meu e das sobras das idas e vindas
Já sou um cara à fim de amizade, de planos, do além

Tentando não escorregar no limo da cidade
Quero abraços não apertos de mão
Nada pra enxugar, pra secar, nada de sermão
O cigarro é um companheiro de lágrimas

Um trago, um gole, um vinte, um gesto largo
Um som para momentos incríveis, inglórios
Ficar junto e se sentir por aí, pelo doce ou pelo amargo
Pra esquecer de se lembrar dos relógios

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

quinta-feira, 23 de dezembro de 2010

CURARE (de Marcos Salvatore)

by Frida Kahlo

Que nome eu dou pra mim?

Imaginando as suas cores e os tons de rosa da pele e da boca
Me concebendo de novo e de novo enquanto tiro a sua roupa
Falando quase comigo tão assim que ninguém percebe
Com você me tomando enquanto me bebe

Me deixando ser tomado de um só gole
Para matar sua sede, para que você me console

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

O SACO DO PAPAI NOEL (de Marcos Salvatore)

by Michael Zichy

- Dizem que Nicolau é nome de Santo.
- É, esse é que é o papo. Então, mostra os peitinhos.
- Nossa padre! Seu saco é tão cabeludo. Quase me engasgo com um pentelho branco.
- Nem tanto assim. Opa, cuidado com os dentes. Faz carinha de raiva.
- Seu pau está salgado. Parece até um picolé de chouriço. (...) Cadê meu picolé?.
- Para de graça, pavulagem. Você fala demais. Nem parece uma freira. Assim não rola o crime.
- Se eu engolir, pode dar o do Natal? Vi uma Azaléia no Comércio, de morrer.
- Fica de boa. Agora toma o teu leite!

terça-feira, 14 de dezembro de 2010

FÉ (de Marcos Salvatore)

Nazaré




Do fundo apertado de um ônibus lotado
No cruzamento de Catorze e Conselheiro
É possível ver dois campanários
 
 

Capuchinhos
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