domingo, 29 de maio de 2011

Chama (de Marcos Salvatore)

by Andre Kertesz

Meu avô a chamava de Nega, nós de Mãe Vó, alguns de Raimundinha, minha filha de Vó Bisa, seus filhos se dividem entre Mamy, Mamãe, Mãe, Dica e por aí vai.
Me contou um dia que na juventude tinha um namorado em cada canto das festas. Seus irmãos eram músicos ribeirinhos, e um deles, Tio Manél, tem histórias que deixariam Stephen King sem dormir.
De fato, a Dica é de lascar. Lembro dela acordada dois dias e noites seguidos, dançando e cantando, sozinha na sala, me puxando, "O emburrado', pra dançar:
“Tico-tirico-tico
Não tem pé, nem cu, nem bico”.
Ela cantava isso pro meu irmão. Era o rei do seu colo. Grande pintor, um cara inventivo.
(...)
Perdi o raciocínio (se é que o tenho ou tive).
Queria só falar um pouco dela, um pouco deles. Não sabia como, então fui escrevendo, assim como quem se abre para janelas já abertas.
Perguntava o meu nome para a neta: “Como é o nome do teu pai?”
E a Sofia, com aqueles olhos-pra-te-ver-melhor, sempre dizia; até hoje diz: “O nome dele é Marcos”.
Marcos... Pouca pessoas me chamam... de Marcos.

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